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Fragmentos de Alma è meu novo bebezinho publicado em dezembro 2007, na Itàlia, um etapa importante na minha carreira literària, na elaboraçao, estruturaçao e ediçao dos 25 textos componentes dessa coletanea de emoçoes, fragmentos de vida, vivida, sonhada, desejada ou simplismente resgatada, aperfeiçoei minha linguagem narrativa, a ediçao italiana é uma ediçao limitada, como expliquei num post precedente eu faço sempre uma ediçao limitada assim que termino um livro, pois nesse caso posso participar ativamente de todo o processo de publicaçao, como escolher a capa, o papel utilizado, o tamanho das letras , etc...
Fragmentos de Alma tem também um lugar especial em minha vida, pois aconteceu um fato, durante o processo de publicaçao ao qual muito me emocionou.
Em 2005 conheci uma nova amiga, como digo sempre sou uma daquelas pessoas com muita sorte, tenho amigos verdadeiros espalhados por tantos cantos desse nosso mundo.
Foi um encontro casual, na verdade virtual, porém do virtual ao real transformou-se em pouco tempo numa ligaçao forte e especial.
Em 2006 fiz uma parte do caminho de Santiago com essa amiga maravilhosa. Foi uma viagem linda, conhecemos muitas pessoas e vivemos lindos momentos.
Minha amiga Marcia S., bravissima fotografa que, colecionava milhares de fotografias do caminho de Santiago, também durante a nossa viagem fez centenas de fotos, na ocasiao, durante nossas caminhadas observava a beleza dos campos espanhois em pleno inicio de verao cobertos de papoulas bem vermelhinhas, parecia um tapete salpicado de pontinhos vermelhos que se perdiam no horizonte, ali, decidi que a capa do meu novo livro Fragmentos de Alma seria de papoulas, flor que adoro, por sua simplicidade e beleza genuìna.
Estavamos caminhando e derrepente Marcia parou e me mostrou uma papoula solitaria que nascera espontaneamente bem no meio de uma estrada cheia de pedras, era uma estradinha linda, com algumas arvores cà e là, onde os peregrinos se sentavam para descançar, beber um gole ou fazer uma pequena merenda. Lembro-me como se fosse hoje de suas palavras:
-- Amiga, olha sò a força que tem a natureza, essa delicada florzinha nasceu bem no meio dessa estrada, de quantas emoçoes ela ja nao foi testemunha? Quantas làgrimas ela ja nao viu? Quantos olhares ela ja nao recebeu? Certamente pouquissimas pessoas param para apreciar a sua beleza e sua força.
-- Verdade amiga, è como na vida, nem sempre paramos para observar a beleza das coisas mais simples e perdemos tanto com essa atitude, perdemos o genuìno.
Ficamos paradas alguns minutos, nos sentamos no chao, admiramos a paisagem, conversamos sobre nossas reflexoes em relaçao àquela imagem que ficaria eternamente gravada em nossas mentes e nas fotografias de Marcia.
Terminamos nossa viagem, a vida continuou ...
Em 2007 Marcia voltou ao caminho de Santiago, pela quinta e ultima vez, pois faleceu durante sua quinta peregrinaçao.
Um dia antes de sua partida me telefonou, me contou que os campos estavam lindos, repletos de papoulas e que a capa do livro jà estava pronta, pois estava fazendo muitas fotos para essa finalidade.
Alguns dias depois recebi a triste noticia de sua partida, confesso que o golpe foi duro e que até esse momento nao consigo compreender, aceito, pois sei que essa foi a vontade do criador, mas sinto saudades, muitas saudades de minha amiga.
Em novembro de 2007 contatei seu marido na Suiça para que me enviasse algumas fotos, ele assim o fez, curiosamente me mandou também uma foto datada 2006, a foto da papoula solitària.
Foi a foto que escolhi para ser a capa de Fragmentos de Alma.
Todavia, na ultima vez que nos vimos pessoalmente (eu e Marcia), um mes antes do inicio de sua quinta caminhada na Espanha, estavamos em Lousanne, na Suiça, ocasiao onde fomos comer uma pizza junto com outras amigas, aconteceu um dialogo sobre a morte e o depois. Eramos em 5 amigas, sentadas numa grande mesa, a pizzaria ficava numa ruazinha calma, bebendo delicioso vinho tinto quando o assunto caiu nos contatos apòs a morte. Recordo-me que a um certo ponto da conversa eu disse assim:
--Quem de nòs for primeiro da um jeitinho de dar um toque para as demais sobre o que tem do lado de là, se vale a pena tantas tribulaçoes....
Nos olhamos profundamente, Stella, uma das amigas disse que nao queria toque algum, pois morreria de medo, entao falei:
-- Somos amigas verdadeiras, faremos de uma maneira que a outra nao se assuste!
A conversa terminou distraidamente.
Em dezembro, pouco antes da publicaçao de Fragmentos de Alma, meu sobrinho julinho, que estava na Itàlia passando uns tempos me chamou a atençao num detalhe da capa do livro, estavamos na frente do computador, senti o corpo inteirinho se arrepiar, suas palavras se perdiam no tempo e no espaço que nos encontravamos, meu estudio parecia estar inundado de uma luz diferente, lembrei-me daquela noite em Lousanne com minhas amigas.
Na fotografia da papoula solitària, embaixo de uma das tantas pedras daquela linda estrada notamos um rosto, o rosto de minha cara amiga.
Na hora telefonei ao marido de Marcia, pedindo para que ele controlar o file original, ele também ficou alguns minutos sem pronuciar nada. Era inveitàvel o reconhecimento também ali.
Nao tenho uma explicaçao lògica para tal fato, certamente é uma impressao òtica, pois colocando o zoom do computador percebemos somente a pontinha de uma pedra.
Meu coraçao me diz outra coisa ...
Portanto, esse è tambèm um dos motivos aos quais tenho uma ligaçao particular com essa minha obra.
Beijos e Luz...
Sonia "MAriana Brasil"
contato: marianabrasill@yahoo.it
